Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Ministério Infantil: conversamos com uma psicopedagoga especialista na área! 

No cenário atual é cada vez mais fundamental que as comunidades cristãs se dediquem à inclusão de todas as crianças, independentemente de suas particularidades. Para ajudar nessa temática, este mês, tivemos a honra de entrevistar a psicopedagoga Cicília Monteiro, uma especialista com 15 anos de experiência e mestre em Educação, que nos ajudará a entender melhor o Transtorno do Espectro Autista (TEA). 

Psicopedagoga ensina a ter um ambiente mais inclusivo para  crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) dentro do Ministério Infantil
Psicopedagogos tem o conhecimento para deixar ambientes mais inclusivos e apoiar crianças em seu desenvolvimento

A psicopedagoga Cicília Monteiro atua no Instituto Essentia de Psiquiatria, onde avalia e intervém em transtornos do neurodesenvolvimento e da aprendizagem. Sua vasta experiência nos proporciona uma perspectiva rica sobre como podemos adaptar nossas práticas no Ministério Infantil para melhor acolher e incluir crianças com autismo. 

Neste artigo, você encontrará uma série de tópicos que exploram as perguntas mais pertinentes sobre o autismo e suas manifestações, especialmente no contexto de uma comunidade cristã. Durante nossa conversa, abordamos desde a definição básica do autismo até estratégias práticas para criar um ambiente inclusivo no Ministério Infantil. 

Vamos discutir os sinais comuns do autismo, como esses sinais podem se manifestar durante as atividades do Ministério Infantil, e estratégias eficazes para interagir e comunicar-se com essas crianças. A expertise de Cicília Monteiro servirá como base para nossas reflexões e práticas, enriquecendo nosso conhecimento e nos capacitando para sermos agentes de inclusão em nossas igrejas. Vamos lá?

O que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA)? 

O autismo, ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social, bem como por comportamentos restritos e repetitivos. Segundo Cicília Monteiro: 

“o Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais - DSM-5 TR define o TEA como um espectro devido à diversidade de sintomas e níveis de severidade que cada indivíduo pode apresentar”. 

Quais os sinais mais comuns do Transtorno do Espectro Autista (TEA) nas crianças? 

Cicília destaca que cada criança com autismo é única e pode exibir uma combinação distinta desses sinais. 

“O termo "espectro" foi adicionado ao nome do transtorno autista em 2013 para refletir a ampla gama de manifestações que as pessoas com TEA podem ter. Não existe um conjunto específico de sintomas que todas as crianças com autismo apresentem, mas alguns sinais de alerta podem incluir dificuldades para interagir socialmente, como manter contato visual, identificar expressões faciais e compreender gestos comunicativos”.  

Além disso, dificuldades na comunicação, comportamentos repetitivos e interesses intensos em assuntos específicos são frequentemente observados.  

No contexto do Ministério Infantil, é crucial observar se alguma criança se isola facilmente, tem dificuldade em seguir comandos ou realizar as atividades propostas. Crianças com TEA frequentemente possuem sensibilidade auditiva e podem reagir negativamente a música alta ou barulho excessivo.  

A psicopedagoga Cicília Monteiro enfatiza a importância de entender os níveis de suporte que cada criança necessita para informar os pais e, também, para adaptar as atividades de acordo com suas necessidades individuais, quando possível.

Qual a importância da compreensão do Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelos voluntários e tias do Ministério Infantil? 

A compreensão do autismo pelas tias do Ministério Infantil é essencial para promover um ambiente verdadeiramente inclusivo.  

Cicília Monteiro expressou sua alegria ao saber que muitos grupos responsáveis pelo Ministério Infantil em diversas igrejas estão buscando se aprofundar em temas de inclusão: 

"São essas atitudes em nossas ações que nos tornam pessoas inclusivas e preparadas para lidar com as crianças atípicas. Buscar conhecimento de qualidade nos torna confiantes nos desafios da inclusão dos pequenos na comunidade," ressalta Cicília. 

Além disso, nós sabemos que conhecimento e empatia pelo outro é um ato de amor e, no contexto do Ministério Infantil, isso não poderia ser mais verdadeiro. A psicopedagoga destaca que entender as características e manifestações do Transtorno do Espectro Autista (TEA) permite que as tias no Ministério Infantil tornem suas igrejas ambientes genuinamente inclusivos.  

Com esse conhecimento, as tias e tios não apenas conseguem lidar melhor com as crianças autistas, mas também disseminar informações de qualidade em suas comunidades, promovendo uma cultura de inclusão e respeito. 

Como criar um ambiente inclusivo para Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Ministério Infantil? 

Um ambiente seguro e inclusive é capaz de deixar as crianças muito mais confortáveis para se desenvolverem

É importante ressaltar que cada criança com TEA é única e conhecer suas necessidades adaptativas é o primeiro passo para criar um ambiente inclusivo. Por isso, Cicília sugere a utilização de um questionário para os pais, que pode ajudar a identificar sensibilidades específicas, como auditivas, permitindo ajustes como a redução do volume da música durante as atividades.  

"O excesso de estímulos no ambiente pode causar desconforto," observa Cicília, sugerindo também o uso de imagens para reforçar combinados e ajudar na comunicação com as crianças. 

Agora vamos conhecer outras opções de ferramentas que auxiliam na criação desse ambiente inclusivo para todos?

1. Estratégias eficazes para comunicação e interação 

Comunicação clara e acolhedora é fundamental ao interagir com crianças no espectro autista. Cicília destaca a importância de reconhecer a individualidade de cada criança. Algumas podem não gostar de contato físico ou se assustar com tons de voz altos.  

"A comunicação será sempre mais assertiva na altura da criança e de forma objetiva," diz ela, sugerindo substituir perguntas abertas por opções limitadas, como "aqui está o giz de cera e a massinha, com qual você quer brincar?".  

A previsibilidade também é crucial e criar uma rotina visual das atividades programadas pode proporcionar mais segurança às crianças. 

2. Adaptação de atividades para crianças com autismo 

Para adaptar atividades às necessidades das crianças com TEA é necessário considerar se há ou não prejuízos cognitivos. Não são todas as crianças com autismo que têm deficiência intelectual, por exemplo e algumas podem ter dupla excepcionalidade, como superdotação.  

Em casos de prejuízos intelectuais, Cicília recomenda usar letras maiores e informações objetivas, apoiadas por imagens. Isso torna as atividades mais acessíveis e compreensíveis para essas crianças.

3. Recursos e materiais recomendados 

Diminuir o uso de recursos audiovisuais e priorizar atividades manuais é uma das recomendações de Cicília para trabalhar com crianças autistas.  

"Troque um vídeo por uma história contada com fantoches, livros impressos ou com o apoio de imagens," sugere ela, destacando que o excesso de estímulos pode causar comportamentos disruptivos ou crises sensoriais.  

Recursos simples e acessíveis podem fazer uma grande diferença no conforto e na interação das crianças com TEA. 

4. Treinamentos e cursos para capacitação 

Capacitar-se é fundamental para melhorar a inclusão no Ministério Infantil. Cicília recomenda alguns profissionais renomados na área da inclusão, como os neuropediatras Dr. Thiago Castro e Dr. Paulo Liberalesso, e a Mestre em Análise do Comportamento, Mayra Gaiato, que compartilham informações de qualidade de forma acessível em suas redes sociais.  

Aqui estão os links recomendados por Cicília: 

Quais são seus conselhos finais para apoiar crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Ministério Infantil?

Cicília Monteiro encerra com uma mensagem de amor e acolhimento, ressaltando que esses são os pilares para lidar com o TEA e criar uma igreja inclusiva. 

"O mais importante ao lidar com o TEA é o amor e o acolhimento, para que vocês possam aplicar o conhecimento que estão buscando na busca de uma igreja inclusiva," conclui Cicília. 

A especialista também nos lembra da importância do amor em todas as nossas ações, conforme ensinado em Colossenses 3:14: “E, acima de tudo, tenham amor. Pois o amor une perfeitamente todas as coisas.” 

Esperamos que este artigo inspire e capacite todas as tias e voluntários do Ministério Infantil a continuarem buscando conhecimento e práticas inclusivas, promovendo um ambiente acolhedor e amoroso para todas as crianças. 

Acompanhe os conteúdos do nosso blog para estar sempre estudando mais com conteúdos ricos que olham para a sua rotina no Ministério Infantil, buscando te apoiar nesse propósito tão bonito. Seguimos juntos nessa jornada!